12 de abril de 2013

"CORAÇÃO DE TINTA"

As cores estão nos mares, rios, calçadas, parques infantis e industriais...
As mesmas nuanças enfeitam os nossos dias de saudade ou inquietação, quem revelará a intimidade da gente?
Se o patrão apresenta-se de marrom é porque ele está preocupado?
A secretária mudou a cor do cabelo, será que ela terminou seu namoro? ou apenas quer estar diferente?
As avenidas esqueceram-se entre os verdes das árvores, ai que delícia camuflarmo-nos nessa cor, o barulho terrível das rodovias , ninguém sabe dele, há apenas a rendição às cores flutuantes dentro da gente. Sim porque há cores que nos levitam, agitam-nos durante as ocorrências diárias e outras trazem a família nunca esquecida.
Vestiremo-nos de arco-íris porque somos a favor das diferenças...
Mas quem sabe haja uma cor imprescindível a seduzirmo-nos de forma desenfreada?
Ou haja a perfeição sem disfarce encontrada em nossa cor maior: a cor da nossa pele, nela as histórias são únicas e reveladoras porque o beijo a seduziu, as mãos a afagaram, o olhar a desejou, nela há um perfume inigualável e a mais linda música a fez confessar os mais doces, belos e indecifráveis encantos...
Cores essas que enfeitam os guarda-roupas da gente de saudade e confissões.
Percebamos então que as cores são nossas companheiras, portanto enfeitemos nossos corações de desejos e pintemos nossas telas - vida de prazer. Sejamos pequenos ou grandes pintores. Pintemo-nos na vida e retratemos nossa história.

17 de março de 2013

"SE SE MORRE DE AMOR"

A morte mora ao lado, porém, quem sabe, estará à nossa frente;
A morte é um estado de apatia e também de um cárcere...
A morte pode residir em uma angelita à espera de um admirador;
A morte pode ser preciosa se nela encontrarmos marcas de quem muito amou;
A morte é nossa amiga, guarita ou desconforto aos demais viventes...
A morte é ruim para quem fica, mas para quem vai é um alívio;
A morte é sempre um descanso, esse quê que a trouxe, esse é um dilema...
As guerras de outrora, sejam por quais razões, cujas as mesmas as incitaram são circunstâncias advindas de autores indecifráveis, desumanos, vis... e nesse caso a morte trazida pelos mesmos, essa sim, é uma realidade que afasta todo perfume delicado a confortar um coração arrasado.
Qual perfume enfeita um soldado enviado para um campo de batalha, mesmo que seja para defender sua pátria? Tornar-se-á um joguete, pois o mesmo não tem direito à escolha, age sem alma, essa já morreu, ele aciona apenas seu medo e dele o que será?
Alguém inventou a guerra e Hitler entre outros canalhas, doentes e fanáticos pelo ideal de maldade aniquilaram sonhos e realidades fantásticas. As janelas dos trabalhadores e crianças foram alvejadas sem direito a qualquer indagação, ou seja, o direito à vida era por eles negado porque humanidade não traziam consigo. Para exaltar ainda mais essa distorção de valores ontológicos, esses desumanos achavam-se superiores à grandiosa Terra que nos habita  e faziam nela um cenário assustador...
Não quero descrever detalhes daquele mal, pois pesquisas levarão-nos a tal constatação, quero apenas trazer um sentimento fraterno aos sobreviventes dos "campos"...
Graças, existem seres de luz que hoje amparam os sobrevientes e felicidade é enxergar nos olhos deles a poesia, amor, conforto, todos os sinônimos de carinho renegados porque, felizmente, nesse exato presente, cuidam de campos recobertos de vida e alegria, festejadas pelas florações humanamente aperfeiçoadas e toda dedicação prestada trará a cada nascer de dia mais uma ascensão em olhos incansáveis à procura de um milagre de amor. Sabemos, o olhar diz muito sobre nosso perfume anímico, ele revela nosso estado emocional e tudo que ainda será revelado, mas e as guerras? Só trazem a maldade, ou o contrário?

Ideais perniciosos pré estabelecidos traduzem o mal alojado em máquinas humanas. Há  guerra em nome da religião e também pela disputa por bens naturais, mas há outra guerra também assustadora, essa é em nome da incapacidade do homem ao conviver com as diferenças: não há aceitação pela sexualidade do outro e pela cor de pele, ou seja a intolerância pelo diferente é preocupante e assola toda naturalidade dos humanos ao que se refere à vida escolhida por cada um deles. Como se transitar pelas ruas de mãos dadas fosse um crime. E aos de pele escura restaram as cotas nas universidades, o próprio preconceito encontra-se justamente aí.
Mas o que falar do outro lado das vicissitudes humanas e naturais? Há os que aprenderam que o amor traduz a dignidade e os que se vestem dela e dela se nutrem estão em estado de graça porque amar é viver, então "se se morre de amor" aplaudamos a praça dos que compartilharam a vida e lições desse ato ficam para quem quiser simplesmente acordar.

27 de fevereiro de 2013

BRINCADEIRAS DE BRINCAR

A felicidade estava plantada nos corredores das casas vizinhas cheias de crianças brincando e na minha também.

Éramos crianças e tudo fazia sentido. Ouviam-se agitação e inquietação  em razão das refeições saborosíssimas das mães dos amigos e  não sabia-se se a alegria provinha-se das  comilanças deliciosas ou porque depois de uma meia hora as brincadeiras criariam vida....

Tempos  bons aqueles, porque fiz parte deles, hoje vejo que poderia ter feito mais, mas minha filha as simboliza a todo instante, eita "felicidade guerreira". Felicidade que não morrerá jamais, pois o encantamento mora é bem dentro da gente e plantamos uma sementinha de cada vez...

Mesmo integrante desse espaço infantil, pretendo destacar meu olhar de observadora diante desse ritual pueril, pois sou uma educadora e enfoco aqui uma distância de tal protagonismo para que possa entendê-lo em toda sua completude. Já que  enquanto agente de brincadeiras o que importa é brincar. E para os estudiosos, ou apenas observadores como eu, o importante é decifrar tais feitos.

Eram vidas  que saltitavam no corpo todo através das  brincadeiras de roda recheadas de cantigas folclóricas, as quais oralizávamos com maestria, pois dominávamos o primeiro instrumento musical inerente a todo ser pensante: as cordas vocais.  A sapiência  infantil acontecia por encanto: falávamos, cantávamos e remexíamos, pois a vida semeava-se bem ao nosso redor e os frutos saborosos de dias contemplativos afloravam-se nas escolas porque a mesma recebia a contunuidade das ruas e dos lares, ou seja, a grande roda da vida era semeada em toda parte por onde íamos.

Verdade! Tínhamos as brincadeirras de roda cantadas e as de rua  na ponta do corpo até o último fio de cabelo. Eram elas: fui ao tororó, se eu fosse um peixinho, escravos de jó, esconde-esconde, queimada, amarelinha, barra manteiga, pega-pega, soltar pipa, entre outras artes da infância. Mas o que houve com as mesmas? Cadê as crianças de hoje ao brincarem nas ruas de casa e nos parques? Onde estão os parques livres de fiação elétrica a possibilitarem as brincadeiras de pipas ao planarem suas graças ao vento? A Era cibernética, o que fez com elas?

Hoje não há vida infantil nas residências, não falo de limites, pois eles devem existir sempre. Respeitar os horários das refeições, dos telejornais, mas e todo resto? Ninguém mais conversa, apenas com a tela do computador. As  crianças de hoje são criadas assim: cada uma tem seu computador de mão. Conversam com alguém  lá de  longe, mas em sua própria casa inexistem as vivências de outrora, nas quais as receitas eram demoradas justamente para as visitas terem mais tempo para conversarem e as mães sentirem seus filhos mais perto. O que importava era o processo no qual a receita da alegria se fazia.

Ainda bem que temos os estudos realizados por Luis da Câmara Cascudo e grupos como "palavra cantada", "barbatuques", entre outros a salvarem o restinho de vida que necessita ascender-se dentro das crianças de hoje.

Sou feliz, pois possibilitei-me relembrar dos tempos passados no alegre presente oferecido pela riqueza existente em minha filha, a mesma que encoraja-me a não esquecer as brincadeiras. Pronto, decifrei a grandiosa magia das brincadeiras de roda. Ao assistir tais encantamentos em vídeos ou protagonizados por nós em casa, sinto que o corpo todo pede mais e mais. O diálogo corporal firma-se, e não só isso, as crianças ativas em brincadeiras são espertas nas escolas , inteligentes, aprendem mais. Quando brincamos o nosso olhar modifica-se para melhor porque confraternizamos sabores diferenciados num corpo, corpo esse que em conjunto vira mil, as melodias e acordes musicados geram respostas corporais, vivemos em prontidão porque os mesmos responderam de acordo com as perguntas feitas numa dança ou cantiga. E as mesmas geram histórias, eita vida de criança que sempre existirá em mim!




19 de fevereiro de 2013

 INFINITAMENTE

Fica em mim o olhar que chegou de mansinho.
O gesto forte de trovões e cortes da mangueira
firmaram o desejo de estar vivo.
Figurou-se uma parceria inigualável, suave e forte.
Tudo é imagem predileta e inacabada: a continuidade
persiste mesmo quando as portas e janelas se fecham.
VIVÊNCIAS

Poucos são os escolhidos para descobrirem-se em suas decisões;
Poucos são agentes num jardim sem vida;
Poucos acomodam-se na tranquilidade do brilho fosco;
Poucos derrubam a casa e a constroem de forma diferente, ornada de brilho próprio;
Muitos deitam em sua zona de conforto e lá ficam. Apagam as outras realidades da vista e focalizam-se apenas em suas vontades, mas como pedir, não sabem dar!
Começar do zero não é tarefa das mais prazerosas e raros promovem esse ritual de iniciação...
São nos tombos que se cresce e são neles que as pessoas desvendam-se...
Mas é de praxe enfeitiçarem-se pelo senso comum e nas tais estabilidades, como também engrandece o ego iniciar-se num ramo, o qual apresentou-se pronto, basta apenas praticá-lo. Enigmas terrenos praticados a toda hora, embora sejam pouquíssimos os seres da verdadeira atuação.

18 de fevereiro de 2013

Pão caseiro é feito do jeito que desejamos.
É um tal de amassa , enrola, ajeita, aperta...
Da forma como queremos a vida, moldada com todo cuidado,
para que fique só o que é bom.
O que nos afeta fica do portão para fora porque a vida é isso: zelo.

11 de janeiro de 2013

Às mentes "machadianas" , as mesmas inquietas e benevolentes, minhas admirações... 
Aos meninos - homens decididos e aprumados, cheios de vontades e sutilezas. Sim , vocês são capazes e serão a leveza no ato de falar, fortaleza no olhar e acolhimento ao abraçar. Vocês aprenderão em companhia dos sábios e aprendizes a importância de serem cidadãos numa sociedade prestes a descobrir-se.
E onde estão nossos eternos filósofos - poetas ? Procurem seus admiradores e façam-se na companhia deles, mas também convivam com a eterna presença de suas decisões, pois elas não dão trégua, são eternas companheiras ou inimigas...
A vocês meninos, um jardim florido aberto às oportunidades, pois sabemos, não é possível querer o que não apresentou-se, portanto vão e tirem as vestes da vergonha e arrependimento, façam-se elemento imprescindível dessa força maior que os ancora rumo às delícias do ser e estar. Tudo que é feito em pleno gozo da entrega e evolução deve ser aperfeiçoado dia a dia.
Então, meninos (as), machadianem-se e saibam que a vida aflora não somente nos corredores das universidades, mas nos arredores de suas intimidades, as mesmas que os enriquecem, seja lá ou cá.